19 de set. de 2008

Marrom Sóbrio

2006, Quinta-Feira em verdade.

Enquanto a doce cabrita dangola tergiversa;
a penumbra concorre com o cigaro mas não evita o transtorno da tentativa trêmule
de retomar a arte do sorriso lírico tantas vezes ignorado quanto incompreendido.

O mesmo sorriso cínico pseudo infantil que oferece carinho enquanto admoesta a alma,
numa fogueira de sofismas, ditos sorrisos dúbios, não aquecem o coração,
mas conferem entropia às nossas intenções desprovidas de pré-objetivos.

Descarto toda essa necessidade tórrida pela razão libertadora;
pela pseudo razão libertadora,
descrita por razões pseudo libertadoras.

Descarto todo esse jogo mesquinho dos que discutem a discussão,
para por a prova seus dotes da contemporânea dialética de superfície,
infames monólogos movidos à carência esquizofrênica de quem aprova a tal:
'auto-estima-pseudo-cultural-socio-político-acadêmica'.

Carrego antes a Bandeira de Manoel;
Percebo simplicidade amorosa e matemática de tudo aquilo,
que uma vez definido como sistema,
nos envolve, nos engole, nos reforma, nos transforma,
nos informa, nos transtorna, nos deforma e nos conquista.

Desarmado, arquiteto apenas jogos de cumplicidade mútuo expositivas.
Apenas metáforas infantis e que de tão infames,
turvam a atmosfera de um marrom sóbrio que cintila.

Fernando Capeletto
fc@usp.br

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