29 de jan. de 2016

Tinta sobre tinta

Não me venha com seu discurso clean, com sua limpeza discursiva, com sua higiene linguística, com sua paisagem sonora branda e inatingível, os tijolos transparentes, a placidez de um sentimento puro, estagnado, estancado e o coração branco quando o que eu quero é o barroco, o rococó, a ópera histérica e bufa dos sentidos, o excesso de informações, cascata de torniquetes e garrotes, tinta sobre tinta na parede que descasca, a torcedura da carne, a mordedura do músculo, o vermelho enroscado no osso, o chão tremendo, a carcaça furibunda, o ornamento infernal daqueles que amam!

Leonarda Glück

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