8 de ago. de 2008

Pra quem ainda vier a me amar

(Este site é dedicado à publicação de poesias de autores que não sejam famosos. Esta exceção aberta ao Roberto Freire é para homenageá-lo no ano de sua morte. Grande poeta anarquista.)

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Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras,pensamentos. Quero fazer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos,emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara,
corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor. São sombras as palavras no papel. Claro-escuros projetados peloamor, dos delírios e dos mistérios do prazer. Apenas sombras as palavras nopapel. Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas sombras as palavras no papel. Meu amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.São versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amordos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e
dançam fazendo o amor como faço o poema. Quero a vida as claras superfícies onde terminam e começam meusamores. Eu te sinto na pele, não no coração. Quero do amor as tenrassuperfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque
ébrio e lúbrico. Quero genitais todas as nossas superfícies. Não há limites para o prazer, meu grnade amor, mas virá sempreantes, não depois da excitação. Meu grande amor, o infinito é um recomeço.Não há limites para se viver um grande amor. Mas só te amo porque me dás o
gozo e não gozo mais porque eu te amo. Não há limites para o fim de umgrande amor. Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornamquentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas. A nudez a
dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, parainventar deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaznunca. Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não
preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos de completar. Somos, um para ooutro, deliciosamente desnecessários. O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.

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Roberto Freire

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