17 de ago. de 2008

Um lugar no nosso espaço

A mim parecia assim, um momento, prolongado,
levemente modificado a cada momento seguinte, para
que não me chateasse, porém, só levemente, porque
mudanças bruscas me pareceriam teatro e eu não
sentiria que, na verdade, movia-me.
Um lugar de vozes, outrora de um silêncio preenchido
por tantas lembranças de sons. Nem um minuto sequer,
por respeito que fosse, de total amplitude vácua, de
espasmo, nunca estava nula enfim, mas sempre no
ritmo que antecedia o momento, que já dito, nada mais
era do que prolongado.
Um ligar de filtros e válvulas de escape, o que sabia até
o momento vestia-me de coragem e assim eu existia
para quem percebesse, e uma outra realidade, tantas
outras realidade, vivas, no mesmo lugar, aceitariam ou
desprezariam o que eu oferecia sem saber, despejando
em seguida, uma concepção barata, vulgar e ofensiva,
elevando o mínimo exposto ou empobrecendo mais um
milagre que, ainda que escondido, respirava e
repensava em todos os cantos do lugar.
Assim me parecia o que venho fazendo, colocando
respiração a respiração, uma perna na frente da outra,
ou entrelaçando-as num momento de respiração maior.
Assim eu me enxergava, de dentro de outras pessoas
que era um mistério, não menor do que eu era a mim.

Tatiane Bernardi

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